Padre José de Anchieta

Padre José de Anchieta nasceu em 1534 na Ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, na Espanha. Chegou ao Brasil em julho de 1553, com outros seis jesuítas. Ao descer na Capitania de São Vicente, Anchieta teve seu primeiro contato com os índios. A ação dos jesuítas na catequese dos índios se estendia de São Vicente até os campos de Piratininga.

José de Anchieta, junto com outros religiosos, tinha como objetivo catequizar os índios carijós, sobe a Serra do Mar, rumo ao Planalto, onde ele instala e funda o Colégio São Paulo.

No dia 24 de janeiro de 1554, dia da conversão do Apóstolo São Paulo, José de Anchieta participou da missa de inauguração do Colégio de São Paulo de Piratininga, hoje Pateo do Collegio. Era o início da fundação da cidade de São Paulo. Logo se formou um pequeno povoado. José de Anchieta em menos de um ano aprendeu a língua tupi, o que ajudou em todas as missões dos jesuítas. Entre as características marcantes da atuação de Anchieta estão a evangelização dos índios utilizando particularidades locais e, assim como os demais jesuítas, a oposição ferrenha aos abusos cometidos pelos colonizadores portugueses contra os indígenas.

Os franceses em 1555 haviam invadido o Rio de Janeiro e conquistado os índios tamoios. Em 1563, com o apoio dos franceses, a tribo dos Tamoios rebelou-se contra a colonização portuguesa. Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuíta no Brasil, viajaram à aldeia de Iperoig (atual cidade de Ubatuba, litoral norte de São Paulo) em missão de paz. Anchieta ofereceu-se como refém, enquanto Manuel da Nóbrega partiu para negociar a paz entre os Tamoios e os portugueses. Durante o cativeiro, o jesuíta sofreu a tentação da quebra da castidade, uma vez que era costume entre os índios oferecer mulheres aos prisioneiros antes de sua morte. Anchieta fez, então, uma promessa a Nossa Senhora: dedicaria o mais belo poema em sua homenagem se conseguisse sair casto do cativeiro, que durou cinco meses. Com versos escritos na areia, ele deu vida ao Poema à Virgem. Na longa missão que durou sete meses a paz foi restaurada. Nessa época, criou o hospital da Misericórdia.

Em 1566, Anchieta foi ordenado sacerdote. Três anos depois, fundou o povoado de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. Ao longo dos 43 anos em que viveu no Brasil, participou da fundação de escolas, cidades e igrejas, ficou conhecido como o “apóstolo do Brasil” por sua atuação no País.

Em 1577, com 43 anos e 24 passados no Brasil, Anchieta é designado Provincial da ordem, função que exerceu até 1585. Com a função de administrar os Colégios Jesuítas do país, viaja para várias cidades, entre elas, Olinda, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santos e São Paulo. Foram 10 anos de visitas.

Produção Literária de José de Anchieta

Além de homem de ação, José de Anchieta foi também escritor religioso, tendo produzido poesias líricas e épicas em latim, textos para dramatização (autos), além de cartas, sermões e a primeira gramática da língua tupi. Usando a literatura como meio de infundir o ensinamento cristão nos índios, realizava representações para tornar viva a mensagem católica.

Em modo particular foi com o teatro que Anchieta cumpriu sua missão de catequizar os índios. Para comemorações de datas religiosas, escrevia e levava ao público, autos que levavam a fé e os mandamentos religiosos, diferente dos cansativos sermões. Entre eles, o da “Assunção”, “Festas de São Lourenço”, “Festa de Natal” e o da “Vila da Vitória, reunidos em um volume de poesias.

Em 1595, Anchieta retirou-se para Reritiba, aldeia que fundou no Espírito Santo, onde permaneceu até seu falecimento, aos 63 anos de idade, em 9 de junho de 1597.

Foi beatificado pelo Papa João Paulo II e canonizado pelo Papa Francisco, em 3 de abril de 2014. A assinatura do decreto de canonização do Apóstolo do Brasil ocorreu 417 anos depois de sua morte, no dia 24 de abril de 2014, pelo Papa Francisco, em Roma. No relatório final dos postuladores sobre a vida do jesuíta, um documento de 488 páginas, há o registro de 5.350 histórias de pessoas que alcançaram graças rezando a José de Anchieta.

Pe. Giovanni Pontarolo

LEITURA ORANTE – 09/06/2021

10 Comum Quarta f.

Mt 5,17-19

Jesus realiza e completa a Lei e os profetas.

Vinde, Espírito Santo, oração espontânea

Leitura: Pela Palavra inspirada Deus se manifesta a seus filhos.

17 Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. 18 Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.* 19 Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus.

Meditação: Na leitura da Palavra o que chama minha atenção? Que sentimentos, apelos desperta em mim?

A lei e os profetas são a Revelação de Deus no Antigo Testamento. Porém Jesus completa e leva esta Revelação até a perfeição da Paixão, Ressurreição e Dom do Espírito Santo.

A lei e os profetas eram interpretados pelos escribas, pelos sacerdotes do templo, como uma série de preceitos subdivididos em observâncias minuciosas: a tradição dos antigos. Jesus já desde a adolescência, com doze anos, estranhava algumas explicações dos doutores da lei, fazia perguntas, e dava respostas que deixavam maravilhados os ouvintes.

Jesus sempre cumpre a Palavra de Deus manifestada pelos mandamentos e pelos Profetas, mas não cumpre do jeito que os escribas explicam, porque no diálogo noturno com o Pai compreende a direção em que o Pai o chama. Jesus cumpre lei e profetas em seu sentido verdadeiro e explica a Sagrada Escritura indicando o que é vontade de Deus.

Também nós quando lemos o Antigo testamento estranhamos muitos fatos que não combinam com nossa mentalidade cristã. De fato, Jesus levou a Lei de Deus à perfeição do amor que é possível somente com o dom do Espírito Santo. Jesus não quer mudar o que Deus revelou através de Moisés e dos Profetas, mas quer aperfeiçoar e cumprir plenamente os desígnios de Deus sobre a humanidade. A Palavra de Deus sempre se cumprirá. Quem ama a Deus sempre quer fazer o que agrada a Deus: o amor não dá pouco ou muito, mas dá tudo. Jesus não cumpre só o que está escrito porque é o Cordeiro de Deus que leva sua obediência até o máximo de aceitar a paixão e a cruz para fazer a Nova Aliança com o Pai. Pregado na cruz reconhece: “Tudo está cumprido”.

É bonito quando nós também podemos dizer: eu cumpri a vontade de Deus.

Hoje na televisão e no celular todo mundo quer dizer sua opinião, e nesta confusão acha que está livre para fazer o que gostar. Deus nos criou para fazer o bem, amar e servir os irmãos com toda generosidade.

Oração: Eis-me aqui ao serviço do Senhor……. Louvar, amar, pedir, agradecer, pedir perdão, sorrir, chorar, prometer.

Jesus, você cumpriu a vontade do Pai e nos ensinou: “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso”. Você realmente cumpriu toda a vontade do Pai e foi misericordioso até no meio das dores da crucifixão. Eu desejo fazer a vontade do Pai, mas reconheço minhas falhas. Confio na sua misericórdia e também peço seu Espírito de fortaleza e generosidade, para nunca ser mesquinho com Deus. Que meu desejo seja fazer tudo com amor, para a maior glória de Deus.

Contemplação: Deixar-me envolver pelas coisas de Deus. Em cada pessoa que encontro, em cada acontecimento é Jesus que vive, se alegra, sofre e necessita de mim.

Hoje, dia 9 de junho, A Igreja celebra São José de Anchieta, apóstolo do Brasil.

Pe. Giovanni Pontarolo